
a aranha pela teia cruza
os catetos obtusos do teto
pelo atalho da hipotenusa
Uma canção ao nada

mergulhei no nihil
e no nada nadei;
afundei no vazio
e de nada mais sei
Sobre perder-se em si mesmos

do caule à lâmina foliar —
quantas vezes fui às alturas
neste labirinto de nervuras
onde flano imóvel à divagar

massagem na próstata
dedos dos pés se contraem
líquido prostático
—
tatear sem dedo
triscando por entre os seios,
os seios da face
—
nádegas pra cima
palma da mão vai de encontro
som que reverbera

se é ou não é,
questiona a sexualidade —
tesão sobre a dúvida
—
desliza as mãos
após aperto de mão —
olhares lascivos
—
pés atravessados
mãos se tocam sem querer
assistindo ao filme

com o peito aberto
banha-se na cachoeira
amarela e morna
—
mão doce que afaga
enforcar devagarinho
boca que escarra
—
fedor de chulé
lambe a virilha suada -
um pinto no lixo